PARÓQUIA

Brasão Diocese de Valença

APRESENTAÇÃO

Sempre em seu calendário se apresentam as disponibilidades solicitadas, a Matriz tem cedido seu espaço para diversificados eventos Sócio-Culturais. Em sua nave dotada de excelente acústica, solistas instrumentais, cantores líricos, grupos de danças, orquestras, corais, têm se apresentado.

Por ocasião do Festival Vale do Café (anualmente na segunda quinzena de julho), suas portas se abrem para aclamadas apresentações.

Durante o ano de 2015, um grupo de voluntários, liderado por Andréa Jordão, organizou a Sala de Arte Sacra da Igreja Matriz, possibilitando sua abertura ao público para visitação.

Pe. José Antonio da Silva
Pároco

A PARÓQUIA

Sublinhando o panorama da Praça Barão do Campo Belo, tendo à direita a Rua Barão de Tinguá, à esquerda, a Rua Luiz Pinheiro Werneck e aos fundos a Praça Sebastião de Lacerda, se eleva a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Em 1282, uma subscrição promovida por Custódio Ferreira Leite e seus sobrinhos, propiciou o início da elevação de uma capela à margem da Estrada da Polícia, em terras doadas por Francisco José Teixeira.

Em 1829, é concluída a Capela Mor. A Capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, teve, em 1838, sua ampliação determinada pelo governo da Província que mandou construir o corpo da Igreja, as duas torres, consistórios e a sacristia.

No ano de 1967, a Matriz sofreu algumas modificações para atender as diretrizes do Concílio Vaticano II. A Irmandade Nossa Senhora da Conceição da Freguesia de Vassouras, contudo, endendeu-a como Patrimônio Histórico. Por isso mesmo, acompanhou as modificações, evitando a descaracterização da Igreja.

Tombado pelo Iphan, em 1958, o conjunto histórico urbanístico e paisagístico de Vassouras é fruto do apogeu econômico que originou a riqueza dos fazendeiros de café, barões e viscondes.  O principal eixo do Centro Histórico é a Rua Barão de Vassouras, que se inicia junto à antiga Estação Ferroviária. Adiante, encontram-se as casas do Barão de Massambará e do Barão de Vassouras. A Câmara Municipal e o Paço Municipal demonstram a importância política da cidade, no período colonial.

Em um local não identificado do imenso átrio da Igreja Matriz de Vassouras, segundo o Livro 1 de Óbito, folha 104, de 21 de julho de 1846, está enterrado Francisco Rodrigues Alves, fundador do povoado de Vassouras.

O atual Pároco é o Padre José Antonio da Silva, que revolucionou a Paróquia, priorizando a formação progressiva e permanente das lideranças e a renovação dos quadros ministeriais.

NOSSA HISTÓRIA

Lielza Lemos Machado e

Angelo Ferreira Monteiro

da Academia de Letras de Vassouras

O primeiro passo para a construção da nossa Matriz, foi a escolha do terreno que redundou da permuta realizada entre Francisco José Teixeira Leite – futuro Barão de Vassouras – e a Irmandade Nossa Senhora da Conceição. Tal permuta possibilitou a elevação do Templo no lugar que conhecemos hoje, de frente para os terrenos de propriedade de Laureano Corrêa e Castro – futuro Barão de Campo Belo, terrenos estes que se transformaram na praça que recebeu várias denominações até sua área ser doada à municipalidade no final da década de 70 do século XIX, pelos herdeiros do Barão de Campo Belo e desde então sua denominação definitiva ficou sendo Praça Barão de Campo Belo.

A princípio foi elevada uma pequena Capela, através de uma subscrição realizada por Custódio Ferreira Leite – futuro Barão de Ayuruoca e seus sobrinhos (todos futuros expoentes de nossa história).

A obra causava admiração aos que cruzavam a Estrada da Polícia, (outro empreendimento de Custódio Ferreira Leite) no trecho onde a estrada cortava a atual Rua Barão de Vassouras, entre a Prefeitura Municipal e a Praça Barão de Campo Belo. A iniciativa de Custódio Ferreira Leite, foi uma retribuição à graça alcançada por vencer uma ameaça de naufrágio numa viagem de retorno de suas andanças pelo sul do país. Além da Igreja de Vassouras ele construiu mais sete, segundo uns historiadores ou 13 segundo outros. Sabemos que as de Barra Mansa, Areal, Conservatória, Valença, Sapucaia e Mar de Espanha, foram elevadas graças a ele.

Iniciada a construção em 1828, foi concluída em 1829 e ao seu redor, juntaram-se os primeiros moradores do povoado que em 1833 seria elevado à Vila, dia 15 de janeiro.

No ano de 1838, a ampliação da Capela foi determinada pelo Governo da Província que mandou construir o corpo da igreja, as duas torres, consistório e sacristia. A ampliação se arrastou até 1853 e, finalizada, foi motivo de grande regozijo.

O relógio carrilhão, que ostenta, foi uma das doações recebidas através dos anos. Esta, da esposa do Comendador Joaquim José Botelho, proprietária do palacete à esquerda da Matriz que, posteriormente, foi vendido ao Barão de Itambé.

A respeito do painel rodeando o nicho com a imagem da Padroeira, ele é de autoria do artista José Hallais de Oliveira e foi pintado no início do século XX. Quanto ao gradil de ferro, delimitando o átrio, só foi colocado em 1871.

Em 1967, a Matriz sofreu algumas modificações para atender às diretrizes do Concílio Vaticano, também por uma necessidade de reforma em seu telhado, motivado por um desabamento que atingiu seu lustre central. Porém, a irmandade Nossa Senhora da Conceição, então, responsável por sua manutenção, entendeu-se com o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (que realizou seu tombamento em 1958), e o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional acompanhou as modificações evitando a descaracterização da sesquicentenária igreja.

Consta no livro I do óbito, folha 104 (21/07/1846) de acordo com o trabalho de J. B. Athayde intitulado Avellar e Almeida, que num local não determinado do imenso átrio, está enterrado Francisco Rodrigues Alves, o fundador do povoado que viria se transformar na nossa histórica cidade.

Sublimando a imponência da Matriz, seu exterior recebeu em 2003, uma belíssima iluminação cênica, fruto da parceria entre Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura Municipal de Vassouras.

ASPECTOS ARQUITETÔNICOS DA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE VASSOURAS

Everaldo Amaral Magalhães

Arquiteto e Professor

A Matriz foi edificada no período do Brasil Imperial sob a influência da escola neoclássica.

A arquitetura neoclássica busca uma impressão de harmonia e sobriedade através do equilíbrio e da simetria. Todos os seus efeitos estão condicionados ao uso correto de elementos e detalhes arquitetônicos dentro de um sistema muito preciso de relações e proporções. Na sua aparente simplicidade, depende de materiais nobres e mão de obra especializada, a exemplo dos trabalhos em cantaria (trabalho em pedra) da Matriz, que apresenta planta com desenho simples, no térreo, por átrio, nave, capela-mor e sacristia.

Sua fachada principal simétrica é encimada por frontão triangular, com uma cruz marcando seu eixo vertical. Nesse, encontram-se o relógio, as janelas do coro e a porta principal. Salientam-se na composição os dois elementos circulares (óculos) que, em conjunto com o relógio, sugerem um novo triângulo. Duas torres com terminações bulbosas coroadas com galos em metal completam-na. Horizontalmente, é dividida em molduras (cimalhas) de cantaria.

Por não possuir corredores ladeando a nave, ficam as torres salientes, quando vistas lateralmente. O telhado, feito com telhas de barro, possui duas alturas diferentes: uma, mais alta, sobre a nave e a outra, sobre a capela-mor/ sacristia.

O contraste da pedra (granito) emoldurando suas janelas, portas e demais elementos decorativos com o branco de suas paredes confere ao conjunto grande destaque.

Seu acesso principal é através de elegante portada com três entradas que conduzem ao pequeno átrio (saguão). Delimitado por para-vento com duas portas de madeira pintada sob o coro. Do lado esquerdo, encontra-se o batistério, que possui porta vazada em ferro fundido com desenho minucioso. Curioso notar que o acesso ao coro é feito por porta externa situada ao lado direito da torre.

Entretanto, observa-se a nave única com cobertura do forro em abóbada com arco trilobado, decorado com volutas douradas compostas por folhas de acanto em toda sua extensão. Em sua paredes, nas partes altas estão dispostas as janelas. Apresenta quatro altares voltados para a nave cujos retábulos esculpidos em madeira, utilizam muitos vocábulos de Rococó, com estrutura que já denota o neoclássico e são trabalhados com pintura branca com frisos e elementos decorativos dourados. Os da direita são consagrados a São José e São Sebastião; os da esquerda, a Santana / (Nossa Senhora da Dormição – vitrine horizontal) e a São Pedro.

O arco-cruzeiro que representa o pórtico de entrada para a capela-mor, tem no seu coroamento um medalhão com as insígnias de Maria. Nesse ponto, denominado transepto, encontram-se os púlpitos integrados às paredes e se faz a passagem para as entradas e galerias laterais, onde se encontra as galerias laterais, onde se encontram os altares de Santa Terezinha e a entrada para a sacristia à esquerda; o de Nossa Senhora de Fátima, a Capela do Santíssimo e a escada de acesso ao piso superior, à direita.

A Capela-Mor apresenta, também, o teto em abóbada, arco pleno e, no alto, em suas paredes laterais, ficam as tribunas ornadas com balaústres (gradil) de madeira, como as do coro. À direita, encontra-se o pequeno altar do Espírito Santo que aproveita a espessura da parede para formar seu nicho.

Ao fundo dois conjuntos de colunas douradas, cornijas e resplendor ricamente ornado tendo, ao centro, a representação do Divino Espírito Santo – emolduram o altar-mor com retábulo escalonado em madeira, encimado por vitrine contendo a imagem de Nossa Senhora da Conceição circundada por pinturas de anjos sobre fundo azul. Na base, o sacrário representa, na sua porta, relevo com símbolos Eucarísticos.

À frente desse conjunto fica a mesa de celebrações, ornada com folhas de acanto.

A fachada dos fundos, voltada para a Praça Sebastião de Lacerda, apresenta retângulo harmonioso coroado por frontão triangular característico do neoclássico. Nela, encontram-se oito vãos: quatro portas sacadas com gradil de ferro fundido na parte superior, correspondente ao espaço do consistório, sobrepostas às quatro janelas da sacristia no térreo.

A ARTE DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SRA. DA CONCEIÇÃO

Prof. Sérgio G. de Lima
Professor da UERJ

Todo monumento arquitetônico é revestido de especial significação. Como elemento integrado à paisagem urbana, faz o papel de um livro aberto a informar aos passantes, mais atentos, muito de sua própria história.

Não poderia, de modo algum ser diferente, em relação à Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Vassouras.

O texto que segue ressalta um pouco do muito que pode ser revelado, tanto no que se refere a sua arquitetura simplesmente, como nos demais elementos que ao longo do tempo foram-lhe sendo integrados.

A fachada é de desenho simples, o necessário para que seja bela em sua imponência. Destaca-se no plano superior da Praça Barão do Campo Belo.

Como acontece com a maioria dos monumentos religiosos da época, sua construção foi iniciada pela capela mór, em 1828. Enquanto que o corpo com as torres, datam de 1838. Historicamente falando, as datas assimilam o primado estilístico e estético, classificado de neoclássico.

São marcas desse estilo, a quantidade de vãos (portas e janelas), em maior número que a dos períodos antecedentes. Aqui, visível na parte central da fachada, a começar pela imponente portada de três entradas, em disposição simétrica. O mesmo esquema se vê repetido na parte superior, correspondente ao coro com os três janelões.

O frontão de desenho triangular, coroa a fachada, bem ao gosto do neoclássico, onde três elementos circulares fazem o contraponto com a cornija e os frisos retilíneo-horizontais.

Importa acrescentar, ainda, como característica do estilo neoclássico, o partido arquitetônico e plástico, contidos na oposição do granito utilizado para as molduras da portada, janelões, janelas e óculos, em contraste com a luminosa alvura da alvenaria.

O acesso ao interior da matriz se faz por um pequeno espaço (nartex), contendo elegante paravento. Uma vez adentrado, o visitante é brindado com a visão de ampla e espaçosa nave única. Nave concebida, arquitetonicamente, segundo o princípio adotado na sua origem, pelas igrejas tipo salão, também conhecidas, muitos séculos antes, como de gênero “halle-kirche”, na Baviera. Origem, também, das torres de terminação bulbosa, que vemos na Matriz.

A passagem da nave principal para a capela mór acontece no transépto-ponto em que estão situados os púlpitos (tribunas) integrados às paredes.

O espaço-salão da nave é limitado ao alto, por uma cobertura em abobada, na forma de arco “asa de cesto” ou “aviajado”. Idêntica solução é dada na sustentação do coro, com estrutura em arco.

Já na capela mór, o espaço conduz o olhar para o alto, pela predominância da verticalidade sugerida pelas paredes e pela forma abobadada. Aqui, adotando o arco de plena volta que, à entrada justo no transépto, é marcado por uma sucessão de arcos em arquivoltas, numa configuração de extrema beleza. Tais arquivoltas têm o seu arranque, justamente a partir da generosa arquitrave que, depois de percorrer toda a extensão da lateral, se apóia sobre o que restou do capitel coríntio. Nesse ponto, totalmente subordinado ao plano volumétrico da parede, a guisa de pilastra de sustentação.

O capitel, como o próprio nome indica, é a parte superior da coluna cujos frisos, em canelura dourada, se fazem em plano reto. A original volumétrica cilíndrica, não pode se fazer presente; no entanto, é recuperada na solução da colunata dupla que orna as laterais do altar mór.

Os altares dispostos lateralmente sobressaem de pronto, pela adoção do risco arquitetônico, próprio do século XIX, isto é, uma certa liberdade contida no uso da gramática ornamental, herdado dos estilos que antecederam o neoclássico, ou seja, o barroco e o renascentista.

Por exemplo, no caso do barroco (séculos XVII e XVIII) sua presença é denunciada:    no posicionamento das colunetas que avançam para fora da linha do plano geral da estrutura do altar; pela virtualidade presente na solução em curva de arco pleno, alcançado orgulhosamente acima da arquitrave; pelos ornatos contidos no frontão símbolo católico em pátina dourada; dentre outros detalhes.

Já a fachada posterior da Matriz funciona como um pano de fundo da Praça Sebastião de Lacerda. Trata-se, na verdade, de um plano de fachada concebido no vigor do estilo neoclássico. Dentro de um retângulo harmônico. Comportando um conjunto de oito vãos, distribuídos em duas seqüências superpostas e, rigorosamente, alinhadas: as quatro janelas do pavimento térreo, correspondentes ao espaço da sacristia e as portas-sacadas do andar superior, ao consistório. O conjunto encimado pelo clássico frontão triangular, cuja base assume a condição de generosa cornija que a luz do Sol transforma na esteredomia de notável efeito plástico arquitetônico.