DIOCESE
DIOCESE DE VALENÇA/RJ
Dados Históricos
Tudo começou no longínquo ano de 1925, quando graças ao trabalho e à dedicação de “espíritos nobres e emancipados da avareza terrena”, bem como à “colaboração anônima do povo de Valença”, no dizer do historiador Leoni Iório.
Tudo teve início com os planos para a criação da vizinha Diocese de Barra do Piraí que, não podendo ser logo ereta, por falta de patrimônio organizado, levou à cogitação entre as autoridades eclesiásticas da possibilidade de transferir tal criação para outra cidade próxima que dispusesse do patrimônio indispensável para tanto. Ora, tendo-se conseguido a permanência do Bispado em Barra do Piraí, ao mesmo tempo conseguiu-se, em Valença, no prazo relâmpago de 24 horas, levantar-se o patrimônio necessário para a criação da Diocese, através de doações e subscrições populares.
Confirmou-se, assim, o espírito religioso deste povo evangelizado desde os primórdios da fundação da Aldeia de Valença e que sempre se faz presente, junto com seus líderes, na promoção daquilo que possui de mais caro: a fé alicerçada no Evangelho trazido pelo Padre Manoel Gomes Leal sob a sombra da cruz.
Podemos dividir, como faz Leoni Iório, em dois aspectos os esforços empreendidos para a formação de nossa Diocese. Pelo lado espiritual, o mencionado historiador e escritor valenciano, que citaremos à exaustão, destaca o trabalho daqueles que denomina “precursores e patrocinadores da criação do Bispado de Valença”. São eles o Comendador Nicolau Leoni, o qual recebeu do Papa Pio XI a comenda de honra pelos serviços que prestou à Santa Igreja e o então vigário Padre Antônio Corrêa Lima. Já pelo lado material, obviamente necessário, o Coronel Manoel Joaquim Cardoso, sem dúvida um dois maiores benfeitores da Diocese, para a qual legou o prédio onde até hoje encontra-se instalado o palácio episcopal e o prédio e chácara onde outrora funcionou o Colégio Valenciano São José hoje, infelizmente, perdido pela Diocese; o Comendador José da Siqueira Silva da Fonseca, que recebeu do Papa Pio XII a comenda da Ordem Eqüestre de São Gregório Magno; a Família Pantagna, “representada pela veneranda D. Urbana de Castro Pentagna, Nicolau Pentagna, Drs. Humberto de Castro Pentagna e Savério Pentagna”.
Todos contribuíram com valores monetários para a formação do patrimônio diocesano, bem como com apólices da Dívida Pública. Mas devemos destacar, também, a já citada colaboração do povo valenciano. Dentro das posses e possibilidades de cada um, a Diocese nasceu já fruto do esforço e desprendimento de seus filhos, do maior ao menor, do mais prestigiado ao mais humilde.
É necessário destacar-se, ainda, alguns detalhes precursores da criação da Diocese. Esta, até hoje, é sufragânea da Arquidiocese do Rio de Janeiro, ou seja, faz parte da Província Eclesiástica desta Arquidiocese, uma das duas de nosso estado, juntamente com a de Niterói, de onde era parte como única circunscrição até o início deste século, governada, até a ereção em 1925, pelo Bispo D. Benassi, segundo nos informa o livro “O Circulista 38 anos na evolução religiosa de um povo”, do saudoso Monsenhor Nathanael de Veras Alcântara, antigo Pároco da Catedral de Nossa Senhora da Glória. Ainda segundo ele, “para facilitar o trabalho apostólico”, o Estado foi desmembrado para acolher as novas Dioceses de Campos, Valença e Barra do Piraí, vindo mais tarde as de Petrópolis, Volta Redonda, Friburgo e Nova Iguaçu. Continuando em sua descrição no artigo transcrito do jornal paroquial da Catedral de Valença, que possuía o mesmo título do livro citado, de agosto de 1976, “os trabalhos preparatórios foram conduzidos pelo saudoso Padre Salgado cujo levantamento foi levado ao então Núncio Apostólico D. E. Gaspari”, o qual conduziu o assunto à Congregação competente, em Roma.
Como já mencionado, em pouquíssimo tempo foi levantado o patrimônio necessário para a ereção da nova Diocese e, desta forma, pouco depois foi publicado o ato oficial de criação desta nossa circunscrição eclesiástica, a Bula “Apostólico Ofício”, de 27 de março de 1925, do Papa Pio XI. Para reger a recém-criada Diocese, D. André Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, de quem falaremos em outra parte deste trabalho. Enquanto o novo Bispo não era ordenado para assumir sua cátedra, foi nomeado como Administrador Apostólico em 21 de agosto Monsenhor Alfredo Bastos, também incansável nos trabalhos preparatórios para que o terreno estivesse incansável nos trabalhos preparatórios para que o terreno estivesse preparado para acolher o seu pastor, o seu primeiro Bispo, qual novo João Batista a preparar os “caminhos do Senhor”. Criada em março, só em 18 de setembro a Diocese foi canonicamente ereta com a posse de Monsenhor Alfredo Bastos. Um detalhe que, até certo tempo atrás era ignorado por grande parte de nosso povo diocesano: o padroeiro da Diocese, São Sebastião.
Desta forma, nasceu a nossa Diocese que, durante todos os seus anos de existência, conheceu alegrias e tristezas. Ao Criador imutável de todas as coisas devemos graças por ter disposto a situação de forma a existirem pessoas altamente desprendidas e capazes de reconhecerem a maturidade desta outrora região dos índios Coroados na fé para sediar uma Diocese que hoje se ufana de seus benfeitores, como dito, encontrados entre todas as camadas de nosso povo, conhecidos ao não, famosos ou anônimos.
Hoje, como parte viva da Igreja de Deus, santa e pecadora, a Diocese de Valença comemora, com ufania, fidelidade à Sé de Roma e à Palavra de Deus, os seus 90 anos, ciente das dificuldades que enfrenta, tendo abraçado com alegria a sua cruz, confiante na promessa do Salvador que prometeu assistência à Sua Igreja até o final dos tempos, através das luzes do Espírito Vivificador desta Igreja que, possuindo em seu seio o joio e o trigo, procura converter um e aprimorar outro, na fidelidade e no amor ao mandamento divino de todos acolher sem exceção. Confiteantur tibi, Domine, omnia opera tua; et sancti tui benedicant tibi.